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Berlim, relato de viagem



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Assim que eu cheguei o moço que me vendeu um cachorro quente me alertou: Você não está na Alemanha, está em Berlim. Berlim tem algo de diferente do resto do país e não é o cheiro de mijo, ou os ratos gigantescos que se encontra casualmente na rua. Berlim não é a moça ariana idealizada. Não é o maior exemplo de limpeza ou elegância. Não é santa nem recatada, e com certeza não é do lar. Mas é linda. Berlim tem uma personalidade forte. Berlim é arte e história. E por mais que isso soe clichê, bem, é verdade. Mas Berlim é arte de rua, não arte chique. E ainda que o livro tenha matado o edifício quando se viaja creio que procuramos pela velha maneira de contar histórias. Queremos ver a arquitetura e a arte visual, até porque, considerando o idioma, eu nao entenderia muita coisa de um livro alemao. Em Berlim podemos ler a história que o que restou do muro conta, uma história de guerra, de separação e de uma ordem forçada. Li em algum lugar que Berlim é uma celebração desavergonhada da vitória do capitalismo. E é. Eu fiquei em um hostel no lado oriental e grande parte das atrações turísticas ficam onde foi o lado comunista da cidade. Mesmo assim, há pelo menos dois McDonald’s por rua. Uma infinidade de Starbucks, shoppings e todos os simbolos do consumo desenfreado. Quando cheguei eu pensei “como pode esse ser o lado oriental?”, mas depois eu tive no lado ocidental, e realmente, aquilo sim é capitalismo. Tive uma boa experiência no hostel, fiquei no ONE80, logo ao lado da Alexanderplatz. Nos primeiros dias não falei com ninguém, mas então chegaram três rapazes britânicos bem animados e barulhentos e todo mundo passou a conversar no quarto. Eles vinham da Ilha de Man, um pequeno país no Reino Unido. Um sotaque bem complicado, mas conseguimos nos comunicar. Fiz amizade com uma menina da Finlândia que estava no meu quarto também e no último dia em Berlim fomos a um Mercado de Pulgas e ao muro juntas. O hostel era bem limpo e o chuveiro era ótimo. Tem um bar, para quem queira gastar todo o dinheiro em cerveja e várias coisas úteis, como armários com chaves, máquinas de lavar roupa e máquinas automáticas de refrigerante. Não foi muito caro e a localização era absolutamente incrível. Peguei onibus apenas uma vez e foi porque se eu não chegasse logo o museu iria fechar. De resto, percorri a cidade a pé. Andei muito, claro, mas eu creio que seja a melhor maneira de ver bem as coisas. Havia a opção de alugar uma bicicleta, mas eu não sei andar de bicicleta. A cidade é extremamente plana, perfeita para pedalar. Mas claro, pedalando não dá para tirar fotos, então melhor que eu não saiba usar uma bicicleta. Berlim tem museus incríveis. É uma ótima oportunidade para aprender sobre história, e nao só história alema, os museus da cidade sao bem diversificados e construídos de maneira a tentar mostrar o outro de forma humana. Afinal, o erro de desumanizar outra cultura já foi cometido e nao parece ter tido um resultado muito bom. Né? O Museu de História dos Alemães mostra em sua maioria a história dos últimos duzentos anos, quando já se podia chamar de nação. Mas também se preocupa em mostrar parte das migrações que formaram os povos germanos, ilustrando a ocupação pelo império romano e as várias mudanças que ocorreram ao longo do tempo. Talvez seja uma boa forma de mostrar que ninguém tem realmente uma raça pura, que migrações sempre ocorreram. No geral Berlim é uma cidade que tem compaixão, ou pelo menos é o que tentam dizer os museus. Diferente da maioria dos museus em que eu já fui, os museus de Berlim tem muita informação escrita, então você nao fica perdido olhando para uma escultura que foi feita há 4 mil anos e mal sabe de onde ela veio. O problema é que no meio da exposição você já teve uma overdose de leitura em ingles e só quer dormir. Mas, se você tiver café o suficiente, irá aprender mais do que em 11 anos de aulas de história na escola.

Estive em museus incríveis que eu não esperava encontrar, como o museu da espionagem, quase ao lado do Sony Center. Muito interessante e autoexplicativo.

Berlim é uma cidade bem moderna e eu não tive problemas por não falar alemão. Consegui me virar bem com o meu inglês meia boca. Foi uma experiência ótima! E uma semana bem intensa.

Estou postando fotos da viagem no Instagram. Depois irei fazer posts especiais para o blog, com dicas e guias. Mas por enquanto, me acompanhe por lá :)

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Júlia Orige

Blogueira de viagem, formada em Jornalismo e apaixonada pelo mundo.

 

Buscando sempre te dar o caminho mais fácil pra conhecer cada lugar da melhor forma. 

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